sábado, 23 de agosto de 2008

PRISÃO

Abro os olhos, mas a escuridão não diminui. Há muito perdi a conta dos dias, das horas... Será que estou no inferno? Não, que loucura! Não pode ser... sei que estou vivo. Mas, faz tanto tempo que estou preso, que já faço parte dessas paredes. Como se fossem uma continuação dos meus braços e pernas. Tenho que arrumar um jeito de fugir!
Tento me mexer, mas é tudo em vão... minhas mãos estão dormentes e não consigo me apoiar. Essa escuridão me devasta e o calor que sinto é insuportável. Não existe uma fresta sequer por onde o ar e a luz possam entrar. Meu Deus, o que foi que eu fiz? A vontade de sumir não ajuda, mas não posso pensar em desistir de tudo. Não agora.
Espere aí... que voz é essa? O que está dizendo?! Quero gritar, chamar sua atenção, mas minha voz não sai. Não adianta, parece mais forte que eu. Não consigo lutar contra isso, mas sei que preciso manter a calma para permanecer lúcido. Não quero me acalmar, eu quero é sair daqui. Eu preciso sair! Hoje descubro um jeito.
Mas como? Não vejo saída, não vejo nada. Maldito destino! Não sei como me colocaram aqui. Não lembro de nada antes disso. Meu corpo já dá sinais de cansaço e agora sofro com espasmos... Nunca senti isso antes. Será tortura ainda maior? Porque ninguém aparece? Devo estar aqui há tanto tempo que já esqueceram de mim. Só pode ser isso. Esse mal-estar não me deixa pensar em mais nada.
As dores estão ficando piores... a cada minuto que passa deixo de controlar braços e pernas. Tudo em volta parece se mexer e ter vida própria, como se quisessem me esmagar, me expulsar daqui. Não pode ser real! Outras vozes aparecem e tenho a impressão que estão mais próximas do que antes. Quero muito sair daqui, mas agora estou com medo do que me espera lá fora. Porque essa dor? O que está acontecendo comigo e com esse lugar? Outro grito fica preso em minha garganta.
Esperei tanto por isso e agora tenho certeza que estou saindo! Mas porque não vejo ninguém? Será que vou descobrir porque estive tanto tempo preso? Uma luz aparece ao longe e tento ir em sua direção. Vou deixar para trás o lugar que me sufoca e vou em direção da luz, uma luz que não consigo identificar o que é, mas sinto que é boa.
Falta pouco, muito pouco. Tenho que ser mais rápido! A luz está ficando cada vez mais intensa e tenho medo de abrir meus olhos. De onde será que vem? Mais alguns segundos e chego até a porta... estou saindo... só mais um pouco... saí. Saí!! Não acredito que estou livre! Não sei onde estou, mas gosto daqui. A claridade já não me incomoda mais. Na verdade, nada mais me incomoda. Me sinto amado, feliz, como nunca me senti antes. Minha voz então se desprende e não consigo me controlar...

Acabo chorando. Choro feito criança.

Dani.

2 comentários:

Unknown disse...

Ui!!!!!
Que angustia...nasci junto!
bj

Rique e Dani disse...

Ah, Ritinha... mas esse texto tu já conhecia... ;)
Bju!