domingo, 21 de setembro de 2008

20 DE SETEMBRO


REVOLUÇÃO FARROUPILHA, também é chamada de Guerra dos Farrapos ou Decênio Heróico (1835 - 1845), eclodiu no Rio Grande do Sul e configurou-se, na mais longa revolta brasileira.

Causas: O Rio Grande do Sul foi palco das disputas entre portugueses e espanhóis desde o século XVII. Na idéia dos líderes locais, o fim dos conflitos deveria inspirar o governo central a incentivar o crescimento econômico do sul, como pagamento às gerações de famílias que se voltaram para a defesa do país desde há muito tempo. Mas não foi isso que ocorreu. A partir de 1821 o governo central passou a impor a cobrança de taxas pesadas sobre os produtos rio-grandenses, como charque, erva-mate, couros, sebo, graxa, etc.
A revolta: Em 20 de setembro de 1835, os rebeldes tomam Porto Alegre, obrigando o presidente da província a fugir para Rio Grande. Os imperiais passam a planejar sua retomada, o que ocorreu em 15 de julho. Entre 1836 e 1840 Porto Alegre sofre 1.283 dias de sítio, mas nunca mais os farrapos conseguiriam tomá-la.
Em 9 de setembro de 1836 os farrapos, comandados pelo General Netto, impuseram uma violenta derrota ao coronel João da Silva Tavares no Arroio Seival, próximo a Bagé. Empolgados pela grande vitória, os chefes farrapos no local decidiram, em virtude do impasse político em que o conflito havia chegado, pela proclamação da República Rio-Grandense. O movimento deixava de ter um caráter corretivo e passava ao nível separatista.
A República: Bento Gonçalves recebe a notícia da proclamação da República e da indicação de seu nome como candidato único a presidente. Em 24 de janeiro de 1837, Guiseppe Garibaldi saiu da prisão onde fora visitar Bento Gonçalves carregando uma carta de corso que lhe dava o direito de apresar navios em nome da República Rio-Grandense. Ao chegar à capital farroupilha, ele recebe uma missão: construir barcos e fazer corso contra navios do império. Dois meses depois, ele apresenta dois lanchões: o "Rio Pardo" e o "Independência". Mas havia um grande problema: a ausência de portos. Com Rio Grande e São José do Norte ocupadas pelo inimigo, e Montevidéu pressionada pelo governo imperial, os farrapos planejam a tomada de Laguna, em Santa Catarina. Daí resultou o mais fantástico acontecimento da guerra, e talvez um dos lances de combate mais geniais da história. Foram postas gigantescas rodas nos barcos, e eles foram transportados por terra, levados por juntas de bois. Em outubro, chegou a notícia de que Bento Gonçalves havia fugido do Forte do Mar, onde havia sido preso em Salvador, vindo a assumir a presidência em 16 de dezembro. Era o auge da República. A diminuição dos combates, a estruturação dos serviços básicos - correios, política externa, fisco - davam a impressão de que o Estado Rio-Grandense estava em vias de consolidação. Mas 1838 não foi o ano da vitória como esperavam os farrapos. Apesar de mais uma vitória em Rio Pardo, o fracasso na tentativa de tomar Rio Grande e a falta de condições de conquistar Porto Alegre abatem as esperanças dos republicanos. Com Piratini ameaçada, a Capital é transferida para Caçapava em janeiro de 1839.
Declínio: Em 1840 começou a decadência da revolução. Enquanto a maioria das forças rio-grandenses se concentrava no sítio a Porto Alegre, a capital, Caçapava, era atacada de surpresa. Os líderes farrapos consideravam Caçapava quase inexpugnável, em virtude do difícil acesso à cidade. A partir daí, os arquivos da República foram colocados em carretas de bois pelas estradas. Foi o tempo da "República andarilha", até que Alegrete foi escolhida como nova capital.
Bento Gonçalves começa a pensar na pacificação. Em novembro é a vez de Viamão cair, morrendo no combate o italiano Luigi Rossetti, o criador do jornal "O Povo" órgão de imprensa oficial da república. Para piorar a situação, em janeiro de 1841, Bento Manoel discordou de algumas promoções de oficiais e abandonou definitivamente os farrapos.
A pacificação foi assinada em 1º. de Março de 1845 em Ponche Verde, e tinha como principais pontos:
· O Império assumia as dívidas do governo da República;
· Os farroupilhas escolheriam o novo presidente da província - Caxias;
· Os oficiais rio-grandenses seriam incorporados ao exército imperial nos mesmos postos, exceto os generais;
· Todos os processos da justiça republicana continuavam válidos;
· Todos os ex-escravos que lutaram no exército rio-grandense seriam declarados livres (mas muitos deles foram reescravizados depois);
· Todos os prisioneiros de guerra seriam devolvidos à província.
Além do mais, o charque importado foi sobretaxado em 25%. Terminou assim a Guerra dos Farrapos, que apesar da vitória militar do Império do Brasil contra a República Rio-Grandense, significou a consolidação do Rio Grande como força política dentro do país.

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